terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Educar para o futuro?

Anísio Teixeira e Dewey criticavam aqueles que se referiam à educação como algo para o futuro, educar para a vida, salientando que a educação é vida. Frequentemente, ouvimos, principalmente nos discursos de políticos demagogos e pouco confiáveis, que devemos educar nossas crianças porque elas são o futuro do país. Depois de eleitos, adotam políticas para o futuro, em vez educar no e para o presente. Apropriando-me de clichês da pedagogia botânica, afirmo que eles não adubam as sementes, não regam as plantinhas, esperando colher frutos de boa qualidade. Por vezes, quando a pressão é grande e o mercado exige, eles dão uma podada nas árvores. Criam facilidades para acesso aos sacolões acadêmicos de frutas atrofiadas e com prazos de validade vencidos. Tentam, mal e utilizando insumos parcos, c...orrigir os efeitos, em vez de investir na solução das causas. Como consequência, temos os pífios resultados obtidos pelos alunos das classes populares nas provas do ENEM e afins. Um círculo vicioso é traçado: temos profissionais despreparados, alunos idem e vice-versa; eleitores ignorantes, políticos incompetentes, corruptos, sem-vergonhas... (aqui, cabe uma tonelada de et ceteras.) Exemplo semelhante ocorre no gasto milionário com famílias de presidiários, em vez evitarem que estes enveredassem pelo crime, fornecendo-lhes educação, assistência social etc., antes que ‘a vaca fosse pro brejo.’
O tratamento dispensado pelos governos, às nossas crianças e adolescentes, não foge à regra dessa realidade perversa, infelizmente.
Essa política de educar para o futuro, aliás, deixada para o futuro, me lembra de uma frase de John M. Keynes, que eu gosto muito: “A longo prazo, estaremos todos mortos.”

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