domingo, 14 de outubro de 2012

E agora?

   Durante a campanha eleitoral recebíamos boletins frequentes do julgamento do mensalão-só-do-PT. A cada dezesseis minutos, éramos convidados à leitura: “Hoje, durante o julgamento, Joaquim Barbosa levantou-se dezesseis vezes, problemas na coluna o atormentam há dezesseis anos”. “Numa inequívoca tentativa de protelar a punição dos envolvidos no mensalão-só-do-PT, Levandowski foi ao banheiro dezesseis vezes”. “Aos dezesseis anos, Joaquim já falava dezesseis idiomas”. Jordanetes curtiam, compartilhavam, comentavam...    Conceição era mensaleira, maconheira, traficante, terrorista, macumbeira, católica, umbandista, evangélica, espírita, budista; mulher. Sua religião mudava em função do preconceito do público-alvo. 
   Sentados sobre uma pilha de processos, envolvendo seu candidato – balançando as perninhas, diga-se de passagem -, os detratores não paravam por aí: todos os que a apoiávamos éramos, também, mensaleiros, juntos e misturados desde criancinha. 
   A situação mudou. Depois da eleição não encontrei nenhum jordanete. Pra sacanear, confesso. A Constituição Federal me garante este direito. Cláusula pétrea. Na última pesquisa realizada pelo IBOPE, corroborada pela Mind, Conceição obteve 120% da preferência do angrense, contra os 16% do candidato que “não perdeu, simplesmente não ganhou” (sic). 
   Conceição alçou a condição de imaculada. As petistas, antes fedidas, sovacos cabeludos e putas; hoje são perfumadas, depiladas, pudicas e de família. 
   Agora...

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